domingo, 31 de janeiro de 2010

Amor revolucionário


Tenho quase certeza que foi Che Guevara que, quando perguntado qual é a principal característica de um revolucionário, respondera: “O amor.”. Muitos podem achar que essa foi uma resposta muito vaga, ou que existem centenas de outras palavras que poderiam definir melhor um revolucionário. Che poderia ter falado “coragem”, pois é preciso ter muita coragem para lutar, seja de armas ou bandeiras nas mãos, contra um sistema monstro que detém todos os aparatos de repressão e persuasão em suas mãos para se manter. Poderia também ter falado “força”, força para lutar e enfrentar perigos e sobreviver às adversidades que um militante pode enfrentar. Enfim, este revolucionário argentino, ou melhor, latino americano, ou melhor ainda, internacional, poderia ter escolhido uma gama imensa de adjetivos que poderia descrever a maior característica de um revolucionário, mas ele escolheu a vaga idéia do “amor”.

Vou dizer a vocês que apesar de vaga, acho que Guevara não poderia ter definido melhor a principal característica de um revolucionário. Amor é algo que ninguém jamais conseguiu definir direito, e os que melhor conseguiram foram aqueles que disseram que jamais poderiam definir o amor. Mas, assim como o vento que ninguém vê, mas seus efeitos estão por toda volta, por vezes um tanto quanto destruidores, o amor também é assim. Não o vemos, nem sequer o definimos, alguns ainda dizem que não passa de uma série de reações químicas em nosso corpo, mas certamente todos nós já sentimos o seu poder, por vezes um quanto tanto destruidor. Quando amamos algo, faremos de tudo para preservar, ou alcançar esse objeto amado e é por isso que um revolucionário precisa ter, antes de tudo, amor por aquilo que acredita.

É preciso amar e não só ter coragem, para enfrentar o poder monstro do sistema. É preciso amar e não só ter força, para enfrentar as durezas da luta do dia-a-dia. E nós revolucionários devemos nos policiar todos os dias para ver se há amor suficiente conosco, pois a dureza do cotidiano de um revolucionário muitas vezes pode endurecer o mais mole dos corações.

O amor de um revolucionário está presente não somente em sua vida política, mas certamente em sua vida pessoal também. Revolucionários devem ser sonhadores, e dispostos a buscar aquilo que lhes parecem ser impossível de alcançar, porém, tanto na vida política, quanto na vida pessoal – que muitas vezes se mistura e se confunde – o revolucionário deve saber botar o pé no chão e agir guiado pela razão, encarando a realidade de ao seu redor.

Ninguém disse que a vida de um revolucionário é fácil. Não lutamos porque é divertido. O número de derrotas, muitas vezes, é bem maior que o de vitórias. Mas se soubermos equilibrar o amor e a razão, o sonhar e o pé-no-chão, podermos nos manter de pé e enfrentar todas as adversidades que a vida político-pessoal nos preparará.

Com o testemunho da lua cheia, tento fazer dessas palavras mais que um texto jogado num blog, mas uma filosofia de vida aplicada a minha realidade político-pessoal.

“Sejamos realistas! Desejemos o impossível” (Maio de 68)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Carta Aberta


Estou, nesse momento, fazendo os últimos preparativos para a viagem para Porto Alegre onde ocorrerá o X Fórum Social Mundia. E como este é meu primeiro evento político do ano, farei meu primeiro post estritamente político.
Este é um relato pessoal e uma contribuição minha para o debate político.

Por que saí do PT e por que entrei no PSoL-CSOL.

Em 2007, quando entrei na universidade era do PT e apoiava o Lula. Já no 2º semestre encarei o processo do REUNI. Vi o governo baixando um decreto que "poderia ou não" ser aceito pelas universidades (mas se não aceitassem a verba seria bem menor). Como eu apoiava o governo, participei dos mais de 5 debates realizados pelo DCE, de mais outros 2 ou 3 realizados pelo CAHIS, e pelo menos um realizado pela reitoria, além é claro, de buscar informações com meus companheiros que apoiavam o projeto. O argumento principal deles era: A universidade vai ampliar, o filho do pedreiro vai poder virar doutor, haverá mais verba para a universidade, como já estava escrito no projeto. Porém lendo as poucas linhas do decreto, atentamente, e ouvindo todos os debates percebi o quanto esse argumento era superficial. A verba pública que toda universidade deve receber, estava condicionada ao cumprimento de diversas condições, algumas delas absurdas como: nível de conclusão de 90%, coisa que nem as universidades de 1º mundo têm; o aumento de números de alunos era muito maior que o aumento do número de professores, sendo assim, entupindo as salas de aulas, o que é claro prejudica a qualidade da aula. Previa a dissociação do tripé ensino-pesquisa-extenção, sem contar a diminuição do tempo que o estudante permanece na universidade, entre muitas outras coisas.

Com um pouco mais de atenção fica claro que, por de trás de um decreto que prevê aumento de vagas, que fará o filho do pedreiro virar doutor, que trará um aumento de verbas, está um conceito de universidade que faz o estudante se qualificar o mais rápido possível, para que possa rapidamente entrar no mercado de trabalho que, hoje, exige um nível de qualificação maior. O REUNI, transforma a universidade numa fábrica de mão-de-obra qualificada de reserva para que, assim, se possa continuar a flexibilização das leis trabalhistas, historicamente conquistadas. De acordo com o projeto neoliberal. A universidade deixa de ser um espaço de troca de idéias, de formação de cidadãos.

Então eu comecei a perceber que isso tudo não era à toa. Sempre acreditei que fazer alianças com a “burguesia nacional”, aceitar dinheiro de grandes multinacionais para as campanhas era importante para que pudéssemos chegar ao governo e, a partir daí implementar reformas estruturais que fizessem o capitalismo entrar em contradição, acirrar a luta de classes e, daí, começar um processo revolucionário, isto é, aplicar o Projeto Democrático Popular. Porém as alianças cobram seu preço. Eu acreditava que ao chegar no poder, dava para, numa queda de braço, tencionar o governo para a esquerda. Mas, numa queda de braço onde a outra parte é muito mais forte, é impossível ganhar. A burguesia tem todo aparato de dominação cultural e militar, historicamente enraizados na nossa realidade, e é inocente acreditar que podíamos, contra eles, puxar esse governo pra esquerda. Ainda mais quando aqueles que mandam no PT há muitos anos como, por exemplo a Articulação, já estão degenerados em suas práticas há mais tempos.

A política do governo Lula deu continuidade ao principal foco da política de FHC/PSDB/DEM, a implementação do neoliberalismo. Lula não representou um freio a esse modelo econômico, é claro que ele não poderia mais privatizar empresas estatais da forma aberta e esdrúxula que foi feito no governo FHC, mas os leilões do petróleo, que entregam boa parte da PETROBRAS para mãos estrangeiras e que, até o PCdoB e parte do PT, se dizem contra, são uma forma mais discreta, porém real, de privatização. Os cursos pagos nas universidades públicas e as fundações que sugam dinheiro público são outra forma quase imperceptível de entrega do que é público para mãos privadas. O Pro-Uni, que sob a máscara de colocar pessoas sem recursos na universidade, cumpre o seu papel atendendo aos interesses do mercado (do jeito que os organismos internacionais querem), pois dá a classe trabalhadora uma qualificação rápida, sem qualidade, mas que permite ela se tornar mão-de-obra excedente à espera de um emprego.

O REUNI não foi um ato separado. Ele faz parte de um lógica de governo que está a serviço daquilo que o PT e o PCdoB das antigas mais combateram, mas que, para chegar ao poder, se aliaram. Com isso, os ataques à previdência social não se tornam estranhos (como eu costumava ver e tentava de tudo me justificar). Assim, o ataque ao direito à greve é bem plausível. As alianças com governos assassinos como o de Cabral aqui no Rio, que com sua política de segurança, mata e reprime a classe trabalhadora negra das favelas, são totalmente aceitáveis. Alianças essas que agora podem até abrangi o PSDB, como já foi feito em certos lugares. Os Bancos que, antes da crise, batiam todo dia recordes e recordes de lucro, também não é um fato isolado. Esse governo se tornou um governo de direita, pois está a serviço do mercado, ou seja, da burguesia exploradora.

Porém, não podemos jamais dizer que esse governo é igual ao do Fernando Henrique. Isso seria uma grosseira falha de avaliação de conjuntura. Lula tem um grande diferencial que foi pegar os programas sociais esboçados pelo FHC e torná-los reais. É indispensável vermos a abrangência dos programas assistencialistas do governo. O número de famílias pobres e miseráveis que passaram a receber uma ajuda de custo através das diversas bolsas é impressionante e explica muita coisa. Muitas famílias deixaram a linha da miséria para serem pobres. Soma-se isso com a própria imagem do presidente Lula, pois, é inegável que hoje Lula tem sua imagem descolada da do PT. Lula hoje representa uma força muito maior que o PT e o PT e seus aliados vão a reboque do Lula. (Um exemplo impressionante disso é a luta contra Sarney no senado, que o PT ameaçou embarcar, mas logo depois passou a fazer a defesa do Sarney, devido muito à posição do Lula). Lula é um presidente que tem a cara do povo. Invés de falar de Webber, fala do Corinthians e essa identificação entre povo/presidente, também ajuda a explicar a grande popularidade que ele tem junto à classe trabalhadora.

Lula veio do movimento social e ao chegar no poder fez com que uma grande parte desse movimento social passasse a ter uma política de defesa do governo federal e de suas políticas e não mais uma atuação junto à base e uma defesa daquilo que no passado historicamente defenderam. Os dois grandes exemplos disso são a CUT e a UNE. Hoje a direção majoritária da UNE, além de aceitar dinheiro do governo, defende com unhas e dentes todas as políticas do governo federal, normalmente fazendo um pseudo contra proposta, com o objetivo de tentar se diferenciar, mas que na prática tem os mesmos interesses do governo. Como, por exemplo, foi o REUNI, onde eu vi, na UFRJ, estudantes da UJS e do PT lutando, ao pé da letra (isto é, com socos e ponta pés), para defender o conselho universitário altamente ilegítimo e antidemocrático que viria a aprovar o REUNI dentro de uma sala em separado. Não diferentemente apoiaram e legitimaram a aprovação do REUNI na UFF (pois tinham militantes lá dentro) que foi feito fora do espaço da universidade, no tribunal de justiça de Niterói, onde os opositores ao decreto, professores e estudantes, foram impedidos de entrar pela PM com gás de pimenta e tudo. O CONUNE é outro espaço que mostra o tamanho da burocratização dessa entidade. Sem entrar no mérito das diversas maneiras bizarras que a UJS principalmente, mas também o PT tiram delegados, lá há poucos espaços para debate de idéias como GDs e etc. A organização joga para desmobilizar e despolitizar o espaço, realizando grandes shows e eventos durante o CONUNE.

Sendo assim, apesar de grande parte da classe média não gostar do Lula, devido ao preconceito de classe, o mesmo motivo que faz a mídia pegar em seu pé [mas quando tem que elogiar sua política econômica, não deixa de fazer], Lula representou uma vitória da burguesia nacional e internacional, pois ela pôde continuar aplicando seu projeto neoliberal de ataque aos direitos, ao mesmo tempo em que cooptou grande parte do movimento social outrora combativo e satisfez o povo com uma política assistencialista. Uma grande vitória dela ante aos processos de ascenso que estão ocorrendo na América Latina, como por exemplo, Bolívia, Venezuela e Equador que, apesar de terem seus problemas, representam um freio no neoliberalismo e um avanço democrático considerável.

Achei importante falar isso tudo, pois foi exatamente isso que me fez sair do PT. Todos esses pensamentos passaram na minha cabeça, não de forma muito tranqüila e nem muito menos feliz. Foi um baque forte. Mas a luta continua. Foi então que me vi de frente a um dilema. Sou militante, sou de esquerda e sou socialista. Acredito na importância de se estar organizado para lutar contra a exploração do homem sobre o homem no capitalismo. Mas saindo do PT, com toda essa avaliação, seria incoerente buscar um partido governista e assim analisei os partidos da Frente de Esquerda (PSoL, PSTU e PCB), pois eram quem representava e concretizava melhor essas criticas ao governo de Lula e ao sistema em geral.

O PCB não tem quase nenhuma força ou intervenção onde eu milito, apesar de terem crescido um pouco nos últimos anos. Melhorou consideravelmente em relação ao passado, mas ainda tem seus resquícios stalinistas. O PSTU é um partido de luta, que atua nos movimentos sociais (diferente dos partidos governistas que hoje tem como ponto principal de sua política permanecer no poder). Porém acredito que, por se tratar de um partido centralizado, muitas vezes toma atitudes sectárias acreditando que são a vanguarda do movimento socialista e quem não está com eles é pelego. Assim eles se comportaram ao se retirarem da UNE e não perceberem que ali é um espaço onde tem milhares de estudantes que lá estão porque não conheceram outro discurso se não o da UJS, ou porque acreditam que o governo Lula é um avanço, pois o colocou na universidade. São esses estudantes de base que, acredito eu, nós devemos disputar e trazê-los para a luta. Mostrá-los que ele agora da na universidade graças ao Pro-Uni, mas em que tipo de universidade? Tem que tipo de formação? O PSTU acredita que a reorganização do movimento estudantil será feita a partir da criação de uma nova entidade, como fez com a CONLUTE e agora com a ANEL. Uma visão superestrutural, como se os problemas do ME possam ser resolvidos a partir de cima. Avalio que a UNE se tornou uma entidade a serviço do governo federal e de sua política, mas não é criando uma nova entidade que tudo voltará a ser bom. Temos é que disputar na base. Em cada CA e DA, em cada DCE, das universidades públicas e particulares. Trazer o estudante para a luta real e concreta e assim, dessa demanda quem sabe, surja a necessidade de uma nova entidade de luta que unifique o movimento da esquerda combativa. Mas isso não é algo que se faça de cima pra baixo, mas sim de baixo para cima.

As posturas do PSTU no cenário internacional, também refletem essa política sectária. Eles se põem como oposição de esquerda ao governo de Chávez e Evo Morales. Eu concordo na avaliação que Chávez e Morales não são a revolução socialista. Eles representam a aplicação do Projeto Democrático Popular que, naquela conjuntura, foi mais avançado que o exemplo de Lula no Brasil. Porém a fragilidade desse projeto se torna evidente quando vemos os movimentos sociais avançarem mais que o governo e o governo tentar freiá-los, fazendo coisas inadmissíveis como a demissão de um líder sindical da petroleira venezuelana, após uma greve com reivindicações justas. (E olha que ele apoiava o governo de Chavez). A burocratização e a corrupção são coisas inevitáveis quando se acredita que dá para mudar o sistema atravéz do Estado burguês, istoé, a aplicação do Projeto Democrático Popular. Porém, é inegável o acsenso de massas que ocorre nesses países. É também um erro de avaliação dizer que Chávez e cia são iguais ao governo Lula. Lá os movimentos sociais estão nas ruas, discutindo política e o socialismo e é preciso estar ao lado desses movimentos sociais e apresentar uma alternativa revolucionária. Se você se põem apenas como oposição à esses governos, que tem grandes avanços, você se isola das massas e se põem ao lado da direita mais reacionária desses países. Assim, o PSTU não me pareceu uma alternativa neste momento.

O PSoL surge com o objetivo de fazer com que aqueles militantes que saíram do PT quando perceberam a guinada do governo à direita, e que não se viam no PSTU (como eu) não voltassem para casa, cuidar das suas vidas. Surge também com o objetivo de unir as diversas organizações que romperam com o governo, para que essas não fizessem sua luta de forma desunida e fragmentada. O PSoL nasce com a proposta de ser um instrumento de reorganização da esquerda combativa, decepcionada com o governo que ela ajudou a eleger e por isso o partido deve ser amplo, democrático e aberto à tendências internas, para que se possa ter um diálogo e seja um instrumento de unidade e debates dessas organizações. Na época que se discutia a criação desse novo partido, o PSTU estava nos debates e propôs que o novo partido fosse centralizado, e filiado a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) [A Internacional à qual o PSTU é filiado], ou seja, queria formar um PSTUsão. Venceu a idéia do partido amplo e assim nasce o PSoL.

Eu tenho diversas críticas ao PSoL e a forma com que a direção majoritária do partido toca ele. Acho que a campanha da Heloisa Helena em 2006 foi uma campanha moralista, sem um cunho anti-capitalista, que dialogava principalmente com a classe média e não com os movimentos sociais. Isso reflete a visão de alguns grupos dentro do PSoL. Mesmos grupos que aceitaram dinheiro de uma multinacional (Gerdal) para fazer campanha e que fez aliança com o PV do Rio Grande do Sul e com o PSB no Norte. Avalio que isso mostra que esses grupos romperam com o PT e com o governo Lula, mas não deixaram de ser petistas. Como assim? Continuam acreditando no Projeto Democrático Popular. E para esse projeto ser posto em prática, você precisa chegar ao poder, e na vontade de chegar ao poder, você faz concessões anti-classistas. Trilham o mesmo caminho da degeneração que os partidos governistas e outros partidos pseudo de esquerda (PPS, PDT, PV) trilharam. Porém ao entrar no PSoL, eu entrei numa corrente que avalia que o PSoL, mesmo com seus diversos problemas, cumpre um papel importante na reorganização da esquerda combativa hoje no Brasil. Essa corrente é o CSOL, que teve sua fundação feita, principalmente, com militantes que romperam com o PSTU no processo de formação do novo partido (que viria ser o PSoL), pois defendiam que o PSTU recuasse na sua proposta de criação de um partido revolucionário, centralizado, a fim de fazer um partido amplo, aberto e democrático. Foram perseguidos internamente e romperam.

O CSOL acredita que a eleição é importante pois é um período em que a população está, minimamente, discutindo mais política. É um momento em que, apesar de todos os entraves da democracia burguesa, a esquerda combativa pode ter um pouco mais de espaço para denunciar o sistema que oprime a classe trabalhadora e a farsa dessa falsa democracia representativa, onde a cada 2 anos nós delegamos a terceiros o dever de mudar o país e lutar por nós. É importante eleger deputados, senadores e etc? Sim, é claro. É só vermos o exemplo do Marcelo Freixo aqui no Rio, que faz a denúncia das milícias e da violência policial e incomoda muito o grande capital e a burguesia. Mas não devemos ter ilusões de grandes transformações através da luta parlamentar. Apenas suadas vitórias pontuais. Nosso foco principal é a atuação nos movimentos sociais: sindicatos, DCEs, Associações de moradores, movimentos urbanos e rurais, etc. Atuar junto à classe trabalhadora explorada para que esta se organize e venha lutar pelos seus direitos e principalmente por um sistema verdadeiramente democrático onde não haja exploração do homem sobre o homem. Assim, internamente, combatemos esses grupos que saíram do PT, mas não romperam com as práticas petistas. Inclusive, no último congresso, obtivemos vitórias importantes que dão a esse partido fôlego pra continuar sendo um instrumento de reorganização da esquerda.

Entrei no PSoL por acreditar que estamos em uma conjuntura de refluxo dos movimentos sociais, onde a esquerda precisa de um espaço unificado para trocar idéias, debater programa e procurar uma pauta que minimamente unifique essas organizações, para atuar na luta contra os avanços neoliberais.

Entrei no CSOL, pois sou socialista e sou revolucionário. Sei que não estamos num momento pré-revolucionário, mas a história já nos ensinou que assensos de massas acontecem de formas cíclicas e normalmente acompanham as crises do capitalismo. Nós estamos no início de uma grande crise (mesmo que os jornais já tratem ela como superada, alguns especialistas dizem o contrario). Mas com a crise, não é obvio que a esquerda cresce. Pode acontecer justamente o contrario, pode haver um crescimento da extrema direita. É por isso que nós, da esquerda socialista revolucionária, devemos estar atuando junto aos movimentos sociais, chamando a classe trabalhadora para defender um programa de ruptura com o sistema que a explora e não atuando para defender o Estado burguês, com uma política que beneficia e ajuda a salvar a burguesia da crise.

Não é possível escrever pouco para justificar uma decisão tão complexa, como minha saída do PT (2007), minha entrada no PSoL (2008) e no CSOL (2009), mas espero que tenha ficado esclarecido.

[Adendo atual] A Atual polêmica do apoio ou não à candidatura de Marina do PV e a postura do CSOL de não só defender candidatura própria, como, com o lançamento da pré-candidatura do Plínio de Arruda Sampaio à presidência, fazer o contraponto com aqueles que ainda acreditam ser possível mudar a sociedade por dentro do Estado burguês. Discutimos o papel de uma organização revolucionária na eleição burguesa e isto me fez ter convicção das minhas escolhas. Não estamos aqui para fazer um percentual alto a qualquer custo, mas sim para debater e construir um projeto socialista para o Brasil, junto com os movimentos sociais e populares.

Renan as Cruz Padilha Soares.
Coletivo Socialismo e Liberdade
Partido Socialismo e Liberdade

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Medroso


Ter criado esse blog já se tornou um problema. Antes eu nunca escrevia e raramente tinha vontade de escrever. Uma vez ou outra, inspirado por algum acontecimento importante na minha vida ou no mundo ao meu redor – isso inclui todo o planeta, é claro – me arriscava nesse estranho mundo da literatura e esboçava algum texto que podia, ou não, ficar razoável - considerando alguém que não escrevia nunca e que nem blog tinha -. Mas agora eu estou inquieto. Literariamente inquieto. Vejo motivo pra escrever em cada esquina. O mundo todo passa ser a minha inspiração.

Bem... Eu avisei para todos vocês no meu primeiro post aqui, o “Abertura”, do problema que a acessibilidade à internet pode causar. Disse com todas as letras que essa acessibilidade permite que pessoas como eu, sem aparentemente nenhum dom pra coisa, encare – algumas vezes de forma desastrosa – a arte de escrever que, antes, era para poucos. Há alguns dias li um livro do Veríssimo chamado “Os Espiões”. Nesse livro um dos personagens diz algo mais ou menos assim – não posso dar maior precisão, pois não estou com eles nas mãos e não pretendo levantar-me para estar, isto graças a essa maldita inquietude de escrever – “É preciso ter coragem para escrever, mas é preciso muito mais coragem para não escrever”. Como eu disse não tenho certeza se era exatamente isso, mas a idéia que esse personagem queria passar é que qualquer um pode escrever e expor o que escreveu, mas é preciso ter coragem para guardar pra si aquilo que você pensa. Não sei se era exatamente isso que ele queria dizer, não sei nem se ele realmente o disse, mas quando me vejo sentado de frente para à tela do computado, com o word aberto e o início de uma frase inacabada escrita, entendo perfeitamente o que aquele personagem quis, ou não, dizer.

Preciso usar novamente neste blog a expressão “Faca de dois gumes”, pois esta é uma excelente expressão para transmitir isso que estou passando. Não posso negar que essa ânsia por construir um conjunto de frases que tenham, ou não, coerência ente si, formando assim um texto, tem me levado a pensar e exercitar a escrita, como meu pai, professor, sempre cobrou desde que eu me entendo por gente. Mas assim como ninguém precisa ficar me olhando se exercitar fisicamente – e não recomendo mesmo que o faça – ninguém precisaria ficar olhando eu exercitar a escrita. Vocês poderiam, portanto, evitar o desprazer de encarar uma lombriga magricela levantando peso, assim como poderiam evitar o desprazer de encarar um texto com dezenas de frases aparentemente tiradas do google e/ou dos livros de Paulo Coelho, numa tentativa de produzir e exercitar, mesmo que tardiamente, a escrita.

Eu sou um medroso. Não tenho coragem o suficiente de pegar essas idéias de textos sobre amor, amizade, reflexão e literatura, ignora-las e voltar a atenção para o site de esporte – mesmo sabendo que nessa altura da temporada, as notícias não passam de especulações e hipóteses – ou para qualquer coisa que não exercite minha escrita – e muito menos meu corpo. Medroso que sou e aparentemente sem nenhum respeito pelo bom-gosto de vocês que tão atenciosamente ainda visitam meu blog, – ou mesmo insistem em me ver malhar -, continuo a datilografar linhas e mais linhas de tudo aquilo que me vem à cabeça. E me perdoem mas,... Não pretendo parar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Uma mensagem sem fé, nem esperança


Os olhos do mundo se voltam para o Haiti. E porque isso agora? Certamente não por uma súbita revolta e inconformismo com anos de exploração e autoritarismo político de uma minoria privilegiada. Tampouco pelo reconhecimento de sua cultura rica e extremante interessante. Não foi também uma grande revolução que, como em 1791, inspirou escravos por todo o mundo e aterrorizou senhores com seu grito de liberdade.

O mundo olha para mais uma tragédia que atingi esse povo sofrido. É comum ouvirmos o quanto é lamentável que além de tanta pobreza, o país seja atingido por um desastre natural que nada poderíamos fazer para impedir. Claro que não poderíamos simplesmente impedir que as placas tectônicas em choque provocassem o tremor de terra, mas esta tragédia é sim mais uma das milhares de tragédias causadas pelo homem.

A revolução escrava haitiana de 1971, que expulsou e matou todos os senhores de escravos do país sobre a liderança de Toussaint L’Overture, é um exemplo de que não haverá uma mudança real na sociedade se não for mudado o sistema que produz tais injustiças. Uma nova classe privilegiada logo se formou e a exploração da maioria da população manteve-se. A diferença é que não mais seu sangue era sugado pelo homem branco, mas sim pelos próprios revolucionários negros. Poderia escrever um texto só sobre os desmandos e a exploração que a classe dominante do Haiti proporcionou ao longo da história. Poderia relatar as inúmeras intervenções e ocupações estrangeiras, desde o Estados Unidos de 1915 à 1934, até o Brasil em 2004. Mas o mais importante disso tudo é entendermos que anos e mais anos de hiper-exploração levaram o Haiti a se tornar o país mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo e é por isso que eu afirmo que a tragédia natural que matou cerca de 200.000 haitianos é mais uma mancha de sangue nas mãos da humanidade

O Haiti, assim como o Japão, está numa área sujeita a tais fenômenos naturais potencialmente destrutivos. O que explicaria então, que no Japão um terremoto desses não mata um número tão absurdo de pessoas como o terremoto do Haiti. Somos bombardeados todos os dias com a falácia da globalização e seus benefícios. União de culturas, um mundo conectado. Mas o que não se fala é que as culturas que se unem são aquelas que interessam aos lucrativos investimentos das multinacionais. O Haiti, assim como diversos de outros países do globo, são invisíveis para os olhos da globalização. Alguém sabe qual é a língua mais falada do Haiti? Alguém sabe qual é a religião mais cultuada? Se alguém souber que essa religião é o Voodu, sabe que ela nada tem haver com o que vemos nos filmes da Disney com bonequinhos espetados por alfinetes? Não... Nada sabemos sobre o que se passa no Haiti, pois não é lucrativo saber.

O mundo hoje chora a tragédia. Super Top Models doam milhões e milhões de dólares para o país e algumas já devem ta comprando suas passagens para África – não é lá que o Haiti fica? – para aparecer doando alimentos com os lhos lacrimejando. Agora, até quando será lucrativo chorarmos a tragédia do Haiti? É só imaginarmos que quando o furacão arrasou Nova Orleans nos Estados Unidos, o mundo também de comoveu, mas logo logo também esqueceu. E o fato da mídia não dar mais atenção àquela cidade de predominância negra dos Estados Unidos, não diminui o sofrimento dos milhares de desabrigados pela enchente que foram o enganado e caloteado pelas seguradoras. Isso porque estamos falando dos Estados Unidos. Imagina o Haiti? Quando não der mais audiência falar dos milhares de mortos, do esforço do exército brasileiro que a despeito da ocupação criminosa e repressora, se esforça para salvar a vida dos cidadãos, quando um branco de classe média alta for assassinado na zona sul e a televisão não mais falar do pequeno país da América Central, não quer dizer que o sofrimento do povo haitiano diminuirá.

Muitos preferem nessas horas escrever mensagens de fé e esperança sobre a tragédia. Mas nem a fé, nem a esperança – esperança essa que há muito tempo abandonou esse povo - mudará o fato de que o dinheiro doado para o Haiti, será administrado pelas mesmas pessoas que há séculos roubam e exploram. Nem amor e solidariedade mudará o fato de que assim que toda ajuda que foi mandada pra lá for retirada, o país se reconstruirá nos mesmos moldes que antes, com uma classe dominante massacrando a maioria ferrada da população com respaldo da missão de “paz” do exército brasileiro que reprime violentamente qualquer manifestação e revolta dessa população.

Não... Não há fé, amor, esperança ou qualquer uma dessas palavras bonitas que tanto nossa e a mídia mundial tenta valorizar agora. Essa foi mais uma tragédia de um povo, que não é maior nem menor que a cotidiana tragédia daqueles que sobrevivem a vida inteira como escravos do capitalismo e sua pseudo liberdade por todo o mundo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Boquiaberto


Hoje fui fazer uma das coisas mais desagradáveis da vida. Ir ao dentista. As vezes penso “como é que pessoas, aparentemente tão boas, foram arrumar uma profissão tão desagradável.” Talvez tenham feito muita besteira quando criança e como castigo os pais lhe disseram: “Ou você será juiz de futebol ou será dentista, escolhe!”. Pode ser também que sejam apenas psicopatas. Como sabemos, psicopatas tendem a parecer cidadãos comuns quando não estão roubando, matando, estripando ou abrindo o dente das pessoas com máquinas terríveis.

Porém, por mais assustadores que os dentistas sejam, não vim aqui para falar deles. Como eu ia dizendo, hoje fui ao dentista. Precisava terminar um tratamento de canal que enrolava há anos pra fazer. Algumas vezes já tinha me convencido de que seria melhor conviver com a dor periódica do que me submeter à tortura do consultório. Porém, como sou muito macho – por “muito macho” entende-se “minha mãe me obrigou – resolvi encarar o perigo. Como um bom psicopata, a sala do dentista tinha uma televisão, que por sua vez tinha o objetivo claro de fazer-nos pensar que estamos seguros enquanto ele ataca. Decidi que o melhor a fazer seria prestar a máxima atenção no filme da sessão da tarde que estava passando, para não dar o gostinho ao meu torturador de me ver com os olhos arregalados de medo diante de seus instrumentos inspirados na Santa Inquisição.

Por fim, chego finalmente ao assunto que me inspirou escrever esse texto, pois fiquei boquiaberto. Não apenas pelo fato do dentista ter me obrigado a assim permanecer enquanto ele se deliciava enfiando espetos do tamanho do meu dedo médio em meu dente, tampouco foi o filme que contava a história estranha de um tubarão que queria casar com uma peixinho dourado. Entenderia se ele quisesse apenas come-la, mas isso não nos importa no momento. Foi o que passou na TV após o filme do romântico tubarão, que mexeu comigo de forma a fazer com que espantasse minha preguiça e minha falta de aptidão e viesse aqui escrever esse texto.

Há muito tempo que não via Malhação, provavelmente desde que eu passei a ter um mínimo de senso critico, mas sei, por alto, o enredo da série. Desde os tempos áureos da academia com Mocotó, Malhação mudara seu cenário para uma escola particular onde esteriótipos de adolescentes, brancos em sua maioria e de classe média, média alta, viviam esteriótipos de “romance, intriga e muita azaração”. E tais jovens esteriotipados, muito imitados em escolas particulares reais, eram o que esteriotipamos de “playboys” e “patricinhas”...

Nessa parte do texto dou uma parada pois sei que muitos vão dizer que não é politicamente correto julgar uma pessoa pelo seu “estilo” e que viu num episódio de Malhação que isso pode dar muitas “confusões, romances e azarações”. Bem, não tenho o compromisso de ser politicamente correto e há muito tempo não via Malhação, portanto assim continuarei o texto...

Como eu ia dizendo, o padrão de vida vendido pelo programa em questão era o dos “playssons” e “patys”. E qual foi minha surpresa ao perceber que nesta nova temporada, predomina-se o que podemos chamar de estilo cult, pseudo-cult, cult bacaninha ou qualquer outro nome de sua preferência. Assim como playboys e patricinhas, não existe um padrão unificado e oficial que defina com precisão o que venha a ser uma pessoa cult, cult bacaninha, pseudo-cult e por aí vai. Mas olhando para os personagens – principalmente as meninas – do programa em questão e vendo que usavam camisas do filme “Laranja Mecânica” – exelente filme, é bom dizer - majoritariamente de cabelinho bem curtos, All Stares coloridos, bótons e uma infinidade de outras características deste tipo podemos dizer, ou pelo menos ouso dizer, que o pátio da esteriotipada escola de Malhação, antes povoada por playboys e patricinhas, estava repleto de cults de todos os gêneros.

E o porque disso ter me deixado boquiaberto é que ninguém deve estar entendendo ainda. Para falar a verdade, nem eu entendi direito o motivo. Imagino que tendo eu estudado minha vida toda em escola particular e tendo sido sempre um outside – fazendo aqui uma referência ao termo utilizado pelo antropólogo Nobert Elias - ou seja, um nerd, grunje, esquisito, ou qualquer um desses esteriótipos de que vive a sociedade, via no padrão “paty” e “playsson” aquilo que a grande mídia vendia como o bonito e correto para a juventude. Sendo assim, talvez tenha imaginado que aquele recente estilinho cult, muito presente nas faculdades das áreas humanas, era contra-hegemônico.

Não sou idiota. Não pensei se tratar de um movimento de resistência à grande mídia e ao padrão cultural que a elite tenta impor, até porque ele nasce majoritariamente nas classes mais favorecidas, mas admito que pensei que, tudo aquilo que não fosse o Malhação Way of Life, deveria ser valorizado.

A vida nos traz, inevitavelmente, desilusões. Algumas são inevitáveis outras podemos evitar. Por exemplo, termos desilusões amorosas é inevitável, mas poderíamos evitar desilusões futebolísticas avaliando as três últimas finais do campeonato estadual que nosso time participou. Nesse caso específico, eu não poderia evitar a desilusão de achar que dessa vez o dentista seria melhor, mas poderia ter evitado a desilusão estilística se percebesse anteriormente o quanto o Pseudo-Cult Bacaninha Way of Life sempre foi individualista e consumista, tornando-se assim um padrão muito interessante para ser vendido na grande mídia.

Bom, apesar da desilusão evitável, uma coisa boa isso tudo gerou: ao ficar pensando nesse texto, motivado por tal desilusão, perdi a metade final da Malhação e quando dei por mim já havia começado uma outra novela que não lembro o nome e não me anima pesquisá-lo para por aqui. Com medo de que meus preconceitos e conceitos me levassem a mais desilusões desnecessárias, ou seja, com medo de que na novela aparecesse um empresário punk produzindo camisas do Che Guevara, resolvi prestar atenção no trabalho final do carniceiro por profissão que nesse momento dava uma de mágico tirando diversos objetos bizarros, que ele mesmo pôs lá, de dentro do meu dente. Espero que não tenha esquecido nenhum instrumento lá dentro. Essa seria uma desilusão que poderia evitar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Saudade-Que-Não-Se-Mata


Niterói, 25 de dezembro, 2009

Saudade dói. Isso é indiscutível. Mas também tem uma vantagem. Quando sentimos saudade de alguém, ou de um lugar, ou de um animalzinho, ou até mesmo de um objeto, buscamos valorizar as coisas boas que sentimos a respeito daquela determinada pessoa, daquele determinado lugar, do animal de estimação ou até mesmo do objeto em questão. Sendo assim, a saudade alimentando o lado positivo daquilo que sentimos falta, o prazer que se sente, o “transbordamento” da saudade ao ser matada se torna muito maior. Nada melhor que rever uma pessoa que não víamos há muito tempo. Nada melhor do que voltar a um lugar que nos trás boas lembranças e provavelmente, nada melhor do que achar um objeto querido, que há muito havia se perdido.

Mas há uma saudade que não se enquadra nessa descrição. Uma saudade dura, que não tem a vantagem da saudade analisada acima. Uma saudade que jamais de mata. É a saudade do passado. Diferentemente da pessoa que podemos rever, do lugar que podemos voltar, do animal que podemos acariciar e do objeto que podemos usar novamente, o passado não podemos reviver. Jamais voltaremos no tempo para participar novamente daquele acontecimento que nos marcou, ou para desfrutar uma boa fase de nossas vidas. Não,... Jamais se pode matar a saudade do passado.

Isso faz da saudade do passado, uma saudade especialmente dolorida. Porém, a “saudade que se mata” há também um grande risco. A decepção. Pois, quando sentimos saudades, normalmente criamos uma grande perspectiva positiva e pode ser que quando finalmente reencontramos a pessoa que nos fazia falta, ela já não seja da mesma maneira física e psicologicamente que lembrávamos, ou quando voltamos ao lugar que nos proporcionou boas recordações, ele tenha mudado de forma significativa, ou nossa percepção do lugar tenha mudado e até mesmo um antigo objeto reencontrado pode não mais despertar nosso interesse como antes. Daí a decepção... E da decepção a frustração.

Uma coisa sobre a saudade do passado, a “saudade que não se mata”, ninguém pode falar: ela jamais nos decepcionará ou nos frustrará. Como todo sentimento de saudade, na saudade do passado também valorizamos todos os bons momentos vividos num momento marcante ou numa fase de nossas vidas, ao passo que esquecemos pouco a pouco as coisas ruins que comumente acompanham qualquer momento vivido. Sendo assim o que restará será sempre a lembrança feliz de um momento idealizado que jamais poderá nos decepcionar, pois jamais voltaremos a vivê-lo realmente.

(-----), tu és minha “saudade que não se mata”. Minha saudade do passado. Passado este que hoje só guardo as lembrança das alegrias que vivi num dos momentos mais felizes da minha vida, mesmo sabendo que nem tudo foi só felicidade. Saudade do passado dói, pois dói saber que jamais poderemos voltar a viver naqueles tempos, mas na “parede da memória” os momentos que tive ao seu lado estarão para sempre pintados como de pura alegria e prazer.

Com saudades...
Renan Soares

sábado, 9 de janeiro de 2010

Abertura



A expansão do acesso a internet tem seu lado positivo e seu lado negativo. O lado positivo é que, além de ter tornado a compra das caras e sem graça revistas pornô obsoleta (e talvez esse seja a principal conquista da web!), democratizou não só o acesso à informação, como também facilitou que qualquer pessoa possa ser um protagonista da informação. E aí está à faca de dois gumes.

A arte de escrever que, antes estava nas mãos daqueles que tinham o dom, ou a coragem de expor suas idéias, pensamentos e perturbações passou a ser usufruída por quem tenha o mínimo de paciência de fechar o Orkut, ignorar a obsessiva janelinha laranja do msn que pisca te chamando para algo que você espera ser uma informação útil na sua vida, mesmo que, no fundo, você sabe absolutamente sem importância, e ir criar um blog. Foi o que fiz...

Agora todos que estiverem cansados de pornografia gratuita, de atualizar o Orkut para ter certeza que ninguém mudou nada nos últimos 30 segundos e de ter conversas inúteis no msn, poderão ler textos sobre diversos assuntos, escritos por quem nunca antes produziu um grande número de textos em séries e que acredita que se qualquer um hoje pode escrever na internet, eu também posso ser esse “qualquer um”.

Portanto não se dêem muito ao trabalho. Corra até o Orkut, talvez alguém tenha atualizado algo em seu perfil nos últimos segundos, talvez, dessa vez, a janela laranja que pisca seja aquela que irá mudar sua vida pra sempre, ou veja se aquele vídeo já está completo e, somente se nada disso tiver acontecido, volte aqui e prestigia o trabalho de mais um “qualquer um” que desfruta da liberdade que a internet proporciona.

Nome do blog: Um grande revolucionário, na década de 50, pegou sua moto “La Poderosa” e junto ao seu amigo percorreu a América Latina. Tal façanha deu nome a um filme: “Diários de Motocicleta”.

Um pretenso revolucionário, hoje em dia, pegou sua bicicleta “A Máquina do Mal” e junto com diversos amigos, percorreu Niterói. Tal façanha deu nome a um blog: “Diários de Máquina do Mal”.

Obs: Créditos à Clara que me ajudou com o nome.