terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Saudade-Que-Não-Se-Mata


Niterói, 25 de dezembro, 2009

Saudade dói. Isso é indiscutível. Mas também tem uma vantagem. Quando sentimos saudade de alguém, ou de um lugar, ou de um animalzinho, ou até mesmo de um objeto, buscamos valorizar as coisas boas que sentimos a respeito daquela determinada pessoa, daquele determinado lugar, do animal de estimação ou até mesmo do objeto em questão. Sendo assim, a saudade alimentando o lado positivo daquilo que sentimos falta, o prazer que se sente, o “transbordamento” da saudade ao ser matada se torna muito maior. Nada melhor que rever uma pessoa que não víamos há muito tempo. Nada melhor do que voltar a um lugar que nos trás boas lembranças e provavelmente, nada melhor do que achar um objeto querido, que há muito havia se perdido.

Mas há uma saudade que não se enquadra nessa descrição. Uma saudade dura, que não tem a vantagem da saudade analisada acima. Uma saudade que jamais de mata. É a saudade do passado. Diferentemente da pessoa que podemos rever, do lugar que podemos voltar, do animal que podemos acariciar e do objeto que podemos usar novamente, o passado não podemos reviver. Jamais voltaremos no tempo para participar novamente daquele acontecimento que nos marcou, ou para desfrutar uma boa fase de nossas vidas. Não,... Jamais se pode matar a saudade do passado.

Isso faz da saudade do passado, uma saudade especialmente dolorida. Porém, a “saudade que se mata” há também um grande risco. A decepção. Pois, quando sentimos saudades, normalmente criamos uma grande perspectiva positiva e pode ser que quando finalmente reencontramos a pessoa que nos fazia falta, ela já não seja da mesma maneira física e psicologicamente que lembrávamos, ou quando voltamos ao lugar que nos proporcionou boas recordações, ele tenha mudado de forma significativa, ou nossa percepção do lugar tenha mudado e até mesmo um antigo objeto reencontrado pode não mais despertar nosso interesse como antes. Daí a decepção... E da decepção a frustração.

Uma coisa sobre a saudade do passado, a “saudade que não se mata”, ninguém pode falar: ela jamais nos decepcionará ou nos frustrará. Como todo sentimento de saudade, na saudade do passado também valorizamos todos os bons momentos vividos num momento marcante ou numa fase de nossas vidas, ao passo que esquecemos pouco a pouco as coisas ruins que comumente acompanham qualquer momento vivido. Sendo assim o que restará será sempre a lembrança feliz de um momento idealizado que jamais poderá nos decepcionar, pois jamais voltaremos a vivê-lo realmente.

(-----), tu és minha “saudade que não se mata”. Minha saudade do passado. Passado este que hoje só guardo as lembrança das alegrias que vivi num dos momentos mais felizes da minha vida, mesmo sabendo que nem tudo foi só felicidade. Saudade do passado dói, pois dói saber que jamais poderemos voltar a viver naqueles tempos, mas na “parede da memória” os momentos que tive ao seu lado estarão para sempre pintados como de pura alegria e prazer.

Com saudades...
Renan Soares

3 comentários:

  1. "saudade é um sentimento que não se vê..só se sente,algo que se despreende de tudo aquilo que vocÊ deseja num determinado momento..algo só seu..

    ResponderExcluir
  2. seus textos são sempre muito bons (e inspiradores ^^)

    e por falar em saudades... sinto muitas saudades de você!

    ResponderExcluir
  3. Todos nós temos "uma saudade q n se mata". Eu descobri uma forma de lidar com ela. Colocar uma porta nesta parede da memória e de vez em qdo, ao lembrarmos,abrir esta porta, visitar essa saudade, depois sair, fechar a porta e continuar vivendo. Mts beijos Vc é brilhante!!!!!!!

    ResponderExcluir